O poeta judeu e contador de histórias, Noé ben Shea, conta estaparábola: Depois do jantar, as crianças viraram para o pai Jacó e pediram paraele contar uma história. “Que tipo de história?” perguntou Jacó. “Sobre um gigante”, clamou as crianças. Jacó sorriu, se encostou nas pedras aquecidas do lado da lareira, e avoz dele começou com um suave tom de reflexão. “Certo dia um menino pediu ao pai dele que o levasse para ver ogrande desfile que passaria pela aldeia. O pai, lembrando o desfilequando ele mesmo era um menino, logo concordou, e na manhã seguinteambos partiram juntos. À medida em que eles chegaram à rota do desfile, as pessoas começarama empurrar de todos os lados, e a multidão se espremeu. Quando oamontoado de gente se tornou quase uma parede no caminho, o pailevantou o filho e o colocou nos seus ombros. Logo o desfile começou e à medida em que passou, o menino falou parao pai dele como era maravilhoso e como as cores e imagens eramespetaculares. O menino, na verdade, ficou tão orgulhoso daquilo queele viu, que ele desprezou os que viram menos, declarando, até mesmopara o pai dele, 'Se você pudesse ver o que eu vejo’.” “Mas”, disse Jacó fitando os olhos diretamente nas faces dascrianças, “o que o menino não deixou de enxergar foi porque eleconseguiu ver. O que o menino esqueceu foi que uma vez o pai dele,também, pôde ver.” Então como se ele tivesse terminado a história, Jacó parou de falar. “É só isso?” indagou uma menina desapontada. “Pensávamos que o senhorira nos contar uma história sobre um gigante.” “Mas, eu contei”, disse Jacó. “Eu lhes contei a história de um meninoque podia ter sido um gigante.” “Como?” clamaram as crianças. “Um gigante”, disse Jacó, “é qualquer um que se lembra que nós todosestamos sentados nos ombros de outros”. “E o que tornamos se não nos lembrarmos?” perguntou um menino. “Um fardo” , Jacó respondeu. Todos nós fomos ricamente abençoados por aqueles que vieram antes denós. Como membro de uma família, reconheço que tenho avós e pais que,por meio de muito sacrifício e esforço, me deram a oportunidade defazer coisas que eles sequer podiam sonhar em fazer. Como cidadão, eutenho uma grande dívida de gratidão àqueles que deram suas vidaspelas liberdades que eu posso desfrutar. E como Cristão, eu olhoatrás para tantos outros, tanto em anos recentes, como em temposbíblicos, que lançaram um fundamento de fé que me encoraja a chegarperto de Deus. Eu oro para nunca esquecer que eu estou sentando nosombros de outros. “Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderemalcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria eaçoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão,apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio daespada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras,necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles.Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grandenuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e dopecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nosé proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador danossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz,desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.”(Hebreus 11:35-28; 12:1-2)
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