sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

OS PENTECOSTAIS E A SÍNDROME DO ARMAGEDOM

por Rev. Flávio C. Martins.
Ultimamente tenho me encontrado com certa freqüência com alguns pentecostais que geralmente me abordam com assuntos escatológicos, principalmente quando descobrem que sou pastor. Na maioria das vezes são conversas muito chatas. O papo todo gira entorno das últimas coisas, sinais dos tempos, profecias preditivas, conspirações, anticristos, nova era, etc. Eles produzem uma espiritualidade a partir de conceitos escatológicos geralmente deturpados. Não se sabe muito bem o que eles querem, mas acredito que é uma forma de se imporem no universo evangélico. Como se estivessem dizendo: “Ei, Estamos aqui”. Eles fazem de tudo pra se mostrarem, pra serem reconhecidos. E o que é pior, eles adoram evangelizar crentes! Principalmente os de princípios ortodoxos. Pra eles, quem não se liga no armagedom, não ta com nada.

Não que as últimas coisas não sejam importantes, a questão é que o cristianismo é muito maior que isso. Apresentar o evangelho apenas na perspectiva da escatologia é minimizar tudo aquilo que Cristo disse e fez acerca do Reino de Deus. Ademais, o armagedom não é o fim nem a finalidade da encarnação de Cristo.

Uma interpretação mais séria do armagedom nos levará a conclusão de que esse evento exposto em Apocalipse 16:12-16, não será necessariamente um evento único ou literal. Durante toda a peregrinação do povo de Deus houve muitos armagedons, e haverá outros até ao dia em que Cristo virá. É possível compreender que haverá uma última batalha, ainda assim não é conveniente fazer o alarde que os pentecostais fazem entorno desse evento.

Quando converso com algum pentecostal sobre o tema – na maioria das vezes eu fujo desse tipo de diálogo – a impressão que tenho é que eles se utilizam desse tema para identificar se somos crentes ou não: se entendermos como eles o armagedom, somos seus irmãos; se entendemos de forma diferente eles começam a nos evangelizar.

Sem falar daquela postura desocupada de profeta de plantão: tudo o que acontece ao nosso redor é, para eles, em potencial, “sinal” de que o armagedom está próximo. Dias atrás um deles me disse que a atual crise mundial redundará na “última batalha”, e logo a seguir, se dará o retorno de Cristo. E não são poucos os que acham que Barak Obama é o anti cristo.

Mas o que me de deixa mais irritado é quando me deparo com alguns dos nossos irmãos de influência mais reformada navegando nesse mar revolto da teologia pentecostal. A impressão que tenho é que, no fundo, os de linhagem reformada são bem desenformados quanto à escatologia. Há um enorme emaranhado de idéias e interpretações confusas sobre as últimas coisas que levam muita gente a se apegar a qualquer tipo de interpretação ambígua que geralmente terminam ficando meio paranóicos com o “fim do mundo” e coisas do gênero.

É preciso que os nossos líderes sejam francos, honestos para informarem às suas ovelhas sobre a escatologia de um modo que as levem a refletir inteligentemente naquilo que a Palavra de Deus expõe nos textos apocalípticos. Fazendo uma boa exegese do texto sagrado usando boas fontes, procurando ensinar apenas aquilo que Deus desejou falar em sua Palavra escrita. Certa vez Calvino – a cerca de um possível comentário do livro de Apocalipse – disse: “Não quero dizer o que Deus não disse”.

5 comentários:

Anônimo disse...

Pra quem acredita que a salvaçao pode ser perdida a qualquer momento, e isso depende dele pobre pecador, uma afronta à soberania de Deus, é normal que os mesmos acabem desejando ou alimentando a idéia de juízo final todos os dias, principalmente nos dias que eles acreditarem estarem salvos.

CÁSSIO FERREIRA disse...

Igualmente tem muitos "profetas", "intérpretes de sonhos (?)", etc... que fazem verdadeiras loucuras para manipularem os membros de igrejas pentecostais, além de pregarem somente sobre maldição sobre os membros que não obedecem CEGAMENTE ao seu líder, bem como, também, pregam muito sobre misérias e destruição, deixando o povo de Deus frustrados, desanimados, doentes espiritualmente e com a auto-estima extremamente baixa...

Veja no capítulo 23 do Livro Jeremias se não coincide muitas práticas que aconteceram no passado...

25 Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.

26 Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração?

27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.

28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o SENHOR.

29 Porventura a minha palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiuça a pedra?

30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo.

31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.

32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR.

Anônimo disse...

Caro Geovanni
O pensamento arminiano, que não permite a seus adeptos a segurança da salvação, os fazem alimentar uma fé no imediatismo e isso os leva a antecipar os eventos futuros num grito quase desesperado de que chegue logo o dia final, se possível antes do próximo pecado.

Abraço.

Anônimo disse...

Amado Cássio
De fato é isso mesmo o que acontece. E o que é pior, conheço pastores que precisam criar a cada sermão uma nova profecia, uma nova revelação, etc. Me admira nesses caras, e isso é incontestavel, a sua poderosa imaginação. Só Deus sabe onde eles vão parar com tanta imaginação.
Abraço.

Anônimo disse...

O que mais intriga é quando falamos de Jesus Cristo. Para eles Jesus não é reconhecido como "Deus", apenas acreditam que seja um profeta. Já cheguei a ter até um debate com alguns que vieram aqui em casa. Parece que tem uns livros que eles vendem e um deles chegou até dar-me um desse livros onde o foco principal é a salvação pelo "livro de Apocalipse", e não pelo evangelio de Jesus Cristo.

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